Lesões

Fasceíte plantar e o esporão do calcâneo
A Fasceíte plantar não é a mesma coisa que esporão do calcâneo.
Quando ocorre a lesão próximo ao osso, este pode tentar se curar produzindo osso novo. Isto resulta no desenvolvimento de um esporão de calcâneo. Sem a espora a condição é chamada de Fasceíte plantar, apenas a lesão muscular. O esporão calcâneo é uma formação óssea reactiva em forma de esporão (espícula óssea), localizada na face plantar do calcâneo (osso do pé). Pessoas com esta patologia têm dor na região plantar sob o calcâneo.
Alguns artigos dizem que o esporão é consequente da Fasceíte plantar. O esporão do calcâneo faz parte do quadro e se caracteriza por um crescimento ósseo no calcâneo, mas é importante salientar que a dor esporão não ocorre na fáscia plantar e sim nas lesões causadas pela espícula óssea que se formou no osso do calcâneo, passando a agredir o músculo flexor curto dos dedos, o qual é adjacente a fáscia. Apenas 50% das pessoas com fasceíte têm esporão e 10% das pessoas sem dor no calcâneo também tem esporão.

Raio-X lateral demonstrando o calcanhar acometido do esporão do calcâneo, complicação da Fasceíte plantar
Suas manifestações caracterizam-se pela dor local e ao redor da base do calcâneo e no arco plantar, principalmente ao levantar-se da cama, ou após um período de repouso. A dor é crónica e melhora após a movimentação. Sendo reincidente e diária.

Lesão do menisco.

Os meniscos são estruturas constituídas basicamente por fibras colágenas circulares (75%), de formato semi circular em forma de meia lua. Cada joelho apresenta dois meniscos, um na parte interna (menisco medial) e outro na parte externa (menisco lateral). Localizam-se entre o fémur e a tíbia. O menisco medial é lesado 3 vezes mais que o lateral. Recobrem ao redor de 2/3 da superfície articular.
Tem como função participar da nutrição da cartilagem articular, auxiliar na distribuição do líquido sinovial, na estabilidade secundária da articulação do joelho e, principalmente, na distribuição de carga na superfície articular.

São estruturas importantes e infelizmente bastante sujeitas à lesões. Normalmente, as lesões meniscais estão relacionadas à entorse do joelho ou até mesmo a traumas menos comuns), sendo mais frequentes nas práticas desportivas. Por vezes, os meniscos podem apresentar alterações degenerativas (mais comuns na idade adulta e no idoso), o que fragiliza sua estrutura, ficando assim mais susceptível a lesões ocasionadas por entroses mais leves (não relacionados à prática de desportos).
As Lesões
As lesões meniscais podem ocorrer por traumas indirectos, principalmente os rotacionais, ou aparecer insidiosamente por processos de degeneração do menisco. A característica clínica da lesão é importante no sentido de programação de tratamento e prognóstico da lesão. Os sintomas de um paciente com lesão meniscal são variados, dependendo da localização da lesão no menisco e da gravidade da lesão.
Queixa Principal
Os sintomas iniciais são de dor e derrame, com impotência funcional relativa. Duram 1 a 2 semanas e vão reduzindo-se. Podendo até desaparecer para logo voltarem em nova crise. Pode-se dizer que a lesão meniscal caracteriza-se por crises com intervalos as sintomáticos.

Os sintomas mais comuns são :
  • Dor importante no momento do entorse, podendo ser acompanhada de sensação de estalido ou mesmo estalido audível (nas lesões em meniscos com alterações degenerativas, o quadro de dor pode não ser muito intenso no início e sim ir piorando progressivamente);
  • Bloqueio da movimentação do joelho (limitação da flexão e/ou extensão);
  • Ressalto durante a movimentação do joelho;
  • Dor aguda ao agachar-se;
  • Edema e derrame articular no joelho podem estar presentes ou não;
Existem casos mais graves em que a lesão meniscal bloqueia a articulação (lesão meniscal em alça de balde). Essa situação é considerada uma urgência em ortopedia.
Exame Clínico
A lesão do menisco geralmente ocorre por trauma rotacional. Com o pé apoiado no solo, a rotação se faz no fémur – para dentro, nas lesões internas. E para fora, nas externas. O paciente refere dor e derrame articular, na maioria das vezes tardio. Não há estalo, o qual, quando presente.é característico de lesão do ligamento cruzado anterior. Pelo próprio mecanismo de lesão depreende-se que a lesão de menisco é sempre unilateral, sendo praticamente impossível ocorrer nos dois joelhos ao mesmo tempo.
Os testes para frouxidão ligamentar são obrigatórios, lembrando que o índice de lesão meniscal associada a lesão ligamentar é muito comum, variando de 34% a 98% dos casos.
Outro mecanismo de lesão meniscal traumática é o da rotação do corpo sobre o pé, com o joelho hiperfletido, como ocorre por exemplo na troca do pneu furado ou na jardinagem.
As manobras de Apley, McMurray  costumam ser suficientes para, com a história clínica, firmar o diagnóstico das lesões meniscais.
Exames Complementares
A Ressonância Magnética é considerada na literatura internacional como o “padrão-ouro” do diagnóstico por imagem nas lesões meniscais.

Diagnóstico
O diagnóstico é feito pelo ortopedista através do exame clínico. Existem manobras específicas que facilitam na identificação da lesão assim como na sua localização. Actualmente, o exame de Ressonância Magnética (RM) tornou-se bastante útil não só como método auxiliar para diagnóstico como também para nortear o tratamento, uma vez que permite avaliar o tipo e localização da lesão meniscal e a presença de outras lesões associadas (ligamentos, cartilagem,...).
Tipos de lesão meniscal
Os tipos de lesão, variam quanto à sua localização e estabilidade e são divididos em :
  • lesão oblíqua;
  • lesão transversal ou radial;
  • lesão horizontal (com ou sem flap);
  • lesão longitudinal (inclui lesão em alça de balde)
  • lesão degenerativa

Exemplos artroscópicos de lesões meniscais
Tratamento
O tratamento é baseado principalmente no tipo e localização da lesão. Pode variar entre conservador, com fisioterapia e uso de analgésicos/antinflamatórios (menos usual e mais utilizado para pacientes idosos com alterações degenerativas e sem sintomas mecânicos) , e o tratamento cirúrgico, realizado por vídeoartroscopia para ressecção da área lesada ou sutura da mesma (mais comum em pacientes que praticam desporto e/ouGRAU DE com lesões agudas, instáveis e com limitação da movimentação da articulação).
A localização da lesão têm sua importância relacionada ao fato do menisco ser uma estrutura com vascularização variável.

Por fim, a avaliação desse conjunto determinará o tipo de tratamento a ser realizado.
  • IDADE
  •  ACTIVIDADE
  • DA LESÃ
  • O
  • TIPO DE LESÃO
  • LOCALIZAÇÃO
Com a chegada da artroscopia e com o desenvolvimento da menistectomia parcial que consiste na retirada apenas da parte lesada do menisco, preservando todo o restante do menisco asdio, as conseqüências graves que víamos nas menistectomias totais foram minimizadas. As principais conseqüências vê-se nos pacientes portadores de lesão do ligamento cruzado anterior, nos quais ainda hoje se usa a menistectomia artroscópica como procedimento isolado de forma inadequada.
A sutura meniscal é realizada nas lesões em que se é possível, neste caso são dados pontos para a fixação da lesão.
O tratamento de fisioterapia para pubalgia consiste em duas fases:
Fase 1:
  • Gelo no local
  • Uso de recursos anti-inflamatórios: ultra-som e correntes galvanicas.
  • Massagem nos abdutores perfunda e transversal.
  • Alongamento dos músculos da coxa, abdómen e costas.
Fase 2:
Após aproximadamente 10 dias de tratamento, pode-se acrescentar:
  • Fortalecimento dos músculos das pernas, costas e abdómen
  • Andar na bicicleta ergométrica por 30 minutos
  • Corrida em linha recta
Para o sucesso do tratamento o indivíduo deve fazer repouso, deixar de treinar e ser acompanhado por um fisioterapeuta.
Mais sobre este assunto fale comigo.
 
Dor na Perna do Corredor: Canelite
Uma das queixas mais comuns nos atletas recreativos e profissionais que praticam desporto de corrida é a dor na perna. O diagnóstico adequado e um plano de tratamento oportuno ajudam a assegurar um retorno mais rápido e sem complicações as atividades desportivas.
É preciso atenção quando o atleta apresenta uma queixa geral de dor na perna porque os achados no exame físico, resultados de testes diagnósticos e a forma adequada de tratamento são variáveis, pois tudo depende da etiologia específica da dor. As causas são diversas podendo variar desde condições comuns e de fácil administração, até as de difícil diagnóstico que requerem intervenção cirúrgica.
Por isso algumas perguntas essenciais devem ser respondidas de início antes de identificar a causa da dor na perna:
  • Houve alguma mudança no treinamento como: nível, intensidade, duração, superfície ou calçado?
  • Esses fatores interferem no mecanismo de corrida, distribuição de carga e força muscular?
  • Existe alguma perda de sensibilidade, fraqueza e irradiação da dor?
  • Sintomas sugerem causa de origem neurológica?
  • Ocorre dor noturna, presença de massa, mal estar ou febre, presença de vermelhidão e calor?
  • Sintomas de provável origem patológica ou infecciosa?
Diagnóstico - Depois de respondida essas perguntas é importante complementar o diagnóstico por imagem como:
  • Radiografias (em geral, se a dor estiver presente por menos duas semanas e não for intensa, provavelmente o resultado deste exame será negativo, assim como dores localizadas nas partes moles, como músculos e tendões). A indicação deste exame está nas dores articulares e ósseas agudas de alta intensidade ou de longa duração;
  • Ressonância magnética;
  • Cintilografia óssea;
Canelite
A síndrome da tensão tibial medial (STTM), canelite, é um distúrbio complexo e controverso que pode afetar qualquer atleta corredor. Ela é definida como uma dor e desconforto na perna causada por corrida repetitiva numa superfície dura ou por uso excessivo dos flexores do pé.
O diagnóstico deve ser limitado a inflamações do músculo do tendão devendo, portanto, excluir fraturas por stress (vide reportagem anterior) ou distúrbio isquêmico (assunto do próximo artigo). A STTM é uma condição que leva a dor na região póstero, medial da perna dos dois terços distais da tíbia, ou seja, uma dor no meio da canela para baixo mais acentuada na parte de dentro da perna. Essa condição é conhecida também como síndrome do sóleo.
Causas - A STTM é periostite causada por tensão excessiva na borda medial da tíbia por fatores múltiplos:
  • Alterações biomecânicas
  • Aumentos súbitos na intensidade do treinamento e duração
  • Alterações no calçado e superfície de treinamento
  • Lesões de partes moles
  • Falta de alongamento (inelasticidade muscular)
  • Anormalidades na inserção muscular
Etiologia e biomecânica - Na fase média da passada o pé prona para absorver o choque e para se adaptar ao terreno. Nos casos de pisada pronada excessiva ou de maior velocidade de pronação a biomecânica da marcha ou corrida é alterada gerando um estiramento do músculo sóleo medial. Essa hiperpronação combinada com o impacto repetitivo gera a periostite da borda póstero medial tibial, induzida por tração muscular.
Apresentação clínica:
  • Dor contínua, progressiva e prolongada na metade distal na região póstero medial da tíbia.
  • A dor é aliviada com o repouso e piora com a atividade física.
  • Queda do desempenho como conseqüência ou limitação.
  • Dor na tíbia distal com ou sem leve edema (a área é mais difusa que a fratura por stress)
  • Pode haver dor com elevação dos dedos do pé ou pela flexão plantar resistida
Exames complementares:
  • A maioria das radiografias é normal. Pode ocorrer neoformação óssea periosteal longitudinal irregular ou hipertrofia cortical da tíbia.
  • Já na ressonância magnética pode ser evidenciado um edema periosteal indicando a periostite de tração.
  • A cintilografia óssea pode demonstrar lesões longas longitudinais chegando a um terço do comprimento do osso.
  • Alguns trabalhos mostram que a densidade mineral óssea tibial pode estar diminuída.
Tratamento - A maioria STTM é de tratamento conservador. Faz-se necessário repouso relativo (dois a quatro meses), mantendo o condicionamento físico com atividades sem impacto e indolores como bicicleta e natação.
Medidas gerais devem ser tomadas como a diminuição da intensidade e duração do treino, além de mudar a superfície do terreno da corrida. Pode ser usado: antiinflamatórios, gelo, fisioterapia analgésica e alongamento do Aquiles. Alguns casos são necessários à utilização de órteses ou palmilha para correção da pronação.
O retorno na corrida deve ser gradual não se esquecendo do alongamento e condicionamento progressivo. A indicação cirúrgica ocorre após dois períodos de repouso e retorno às atividades com repetição dos sintomas. É recomendado a fasciotomia do compartimento posterior superficial da tíbia.
Bibliografia
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2- Mubarak SJ, Gould RN and cols:The medial tibial stress syndrome: A cause of Shin splints. Am J Sports medicine 1982; 10: 201-205
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4- Anderson MW and cols: Shin splints:MR appearance.radiology 1997; 204: 177-180.
5- HolenKJ and cols:Surgical treatment of medial tibial stress syndrome (Shin splints) by fasciotomy of leg superficial posterior compartiment. Scand J Med Sci Sports 1995; 5:40-43
 

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