O lactato é um sal, derivado do ácido lático. Este, por sua vez, é um subproduto da quebra de glicose para obtenção de energia. Quando o açúcar começa a ser queimado, ele primeiramente é degradado e se transforma em piruvato. Esta molécula, o piruvato, pode seguir por dois caminhos: o primeiro é ser oxidado totalmente, utilizando oxigênio, no chamado metabolismo aeróbico; a segunda opção, mais rápida e menos eficiente, é ser parcialmente oxidado, sem oxigênio, no chamado metabolismo anaeróbibo lático. Lático porque o que sobra do piruvato parcialmente degradado é justamente a molécula de ácido lático.
A palavra lactato é mais corretamente utilizada no lugar de ácido lático porque assim que é formado o ácido lático se dissolve em lactato (um sal) e hidrogênio (H+). Este hidrogênio é quem na verdade faz a ação de ácido que é tão comentada, diminuindo o pH sanguíneo (quanto mais baixo o pH, mais ácido), e não o lactato. Porém, como os dois são criados na mesma proporção, em termo práticos utiliza-se um como medida do outro.
Mais tarde, conforme se avançou na conhecimento, descobriu-se que o lactato não era responsável pela contração, mas que ele aparecia sempre que a presença de oxigênio nas células diminuía, e que o aumento de sua concentração estava relacionado com o aparecimento da fadiga. Este foi o início da era em que a lactato era considerado o vilão do exercício, pois acreditava-se que ele "envenenava" os músculos diminuindo sua capacidade de produzir força.
Hoje já se sabe que o lactato não é nada disso, e que ele também não é o responsável direto pela fadiga muscular. O fato de duas coisas muitas vezes acontecerem ao mesmo tempo não quer dizer que uma é a causa da outra. Além de não ser mais o vilão da história. É que o lactato é a única forma de os músculos exportarem glicose, que é vital para diversos órgãos, para fora de suas células.
É um pouco como se as células musculares tivessem suas portas de entrada e saída com chaves diferentes. A glicose possui apenas a chave de entrada, e uma vez lá dentro ela não consegue mais sair. Já o lactato possui ambas as chaves, e pode ser enviado de uma célula que esteja com glicose em excesso para uma outra que esteja com maior necessidade. Uma vez dentro da nova célula ele pode ser reconvertido à piruvato para ser oxidado (queimado para a produção de energia) como uma molécula de açúcar qualquer. Além disso, a tal acidose também tem sido apontada como um efeito que protege o funcionamento da musculatura contra outros eventos.
Dentre as múltiplas formas de cálculo deste aumento da concentração de lactato destacam-se algumas: o ponto em que a concentração de lactato aumenta em 1mMol/L a partir da concentração de repouso, os pontos em que a concentração de lactato equivale a 2 e a 4 mMol/L e o ponto que ocorre uma quebra na curva de lactato x velocidade de corrida, ou seja, a concentração de lactato aumenta lentamente com o aumento da velocidade e subitamente tem um aumento abrupto. Todos estes métodos, ou pontos, levam em consideração que o aumento na concentração de lactato, ou aumento do metabolismo anaeróbico, é um indicativo de que a fadiga está próxima.
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